A INFLUENTE HUNTER DE TALENTOS PRIPA MIRANDA

Pripa Miranda e uma é das mais conhecidas hunters de talentos, a Manager e responsável por revelar alguns nos grandes nomes da nova geração de artistas de Psytrance do Brasil.

Como grande influente, ele usa suas redes para informar e educar tanto o público quanto os profissionais da cena, sendo uma das grandes referencias do mercado de Psytrance do mundo.

Conversamos com ela sobre os desafios da carreira e sua trajetória ate se tornar o grande nome por traz da R8 Music.

1. Como foi que você conheceu o Psytrance? Qual foi seu primeiro evento como consumidora?

Conheci através de um amigo ali por volta de 2000 / 2001, não lembro o nome do primeiro evento, pois fui de última hora, já depois de uma outra festa (já estava mais pra lá do que pra cá kkk) mas lembro da sensação ao viver a experiência! Foi simplesmente apaixonante!

2. Como foi seu primeiro trabalho como booker?

Eu fazia massagem nos eventos, com isso acabava fazendo muito networking e conhecia os donos dos melhores eventos da minha região (nordeste). Então um dia um dj me pediu ajuda pra fazer contato com um produtor, e perguntou se eu poderia ajudar a colocar ele pra tocar na festa, já que eu já tinha uma proximidade com a organização do evento. Eu falei com um dos donos e ele comprou a ideia que eu vendi. Depois disso vários outros começaram a pedir o mesmo. E assim tudo começou!

3. Quando percebeu que tinha um tino apurado como hunter de talentos?

Eu sempre quis pegar artistas menores e ajudar eles a crescer. Minha mãe era música da noite carioca e eu cresci em meio à arte e me tornei artista também. Com isso eu sei identificar quando o artista tem potencial se for trabalhado da forma certa.

4. Quando resolveu que era o momento de abrir sua própria empresa?

Abri minha própria empresa quando o Tiago Sena, conhecido com o projeto 4i20 e sua label Alien Records, me disse que eu deveria abrir uma agência. Então eu abri, com a ajuda das dicas dele em como fazer tudo.

5. Como foi para você explicar para sua família que iria trabalhar com psy? Eles te apoiaram? Ainda apoiam?

Minha mãe partiu desse plano em 2020 sem gostar do meu trabalho. Muito barulho, muita bagunça, muitos riscos.

Meu pai é meu maior fã! Tudo o que faço com amor, ele me apoia.

6. Qual foi a maior dificuldade que já encontrou na sua carreira?

A maior dificuldade que encontrei foi o machismo e a xenofobia no princípio. Depois descobrir que é um mercado pesado, onde por mais que tenha espaço pra todos, sempre querem puxar seu tapete. Lidar com a frustração de que as coisas no backstage não são lindas como no dancefloor, foi bem difícil.

7. Qual foi o trabalho que mais se orgulhou em participar?

Acho que participar da produção de uma rave em Israel e de quebra ter 2 brasileiros tocando lá, foi a melhor de todas as experiências até hoje! Ser a primeira mulher brasileira a fazer isso em Israel, que é um berço do Psytrance, foi surreal!

8. Tendo em vista a agitada rotina de uma booker com viagens constantes e demandas muitas vezes para o exterior, como é a sua rotina com a sua família?

Graças à Deus eu trabalho a semana em casa, isso me dá a oportunidade de ser presente na vida das minhas filhas. Faço tudo pra casa e pra elas pela manhã, hoje com a ajuda do meu amado pai, que trouxe pra morar em Natal, vou à academia e depois do almoço com elas na escola, eu começo a trabalhar. Durante as turnês elas ficam com o pai delas e também com meu pai. Sinto saudades, mas faço por elas também.

9. O que pensa a respeito da alta demanda de artista internacionais nos eventos no Brasil? O que você recomenda para os artistas nacionais conseguirem mais espaço?

Os gringos sempre são mais valorizados porque temos essa cultura capitalista de gostar mais do que vem de fora. Eles são incríveis, claro, mas os nossos são tão incríveis tanto ou até mais.

Os brasileiros precisam mostrar sua originalidade e cultivar a base de fãs, pois os fãs são o que tem de mais importante na carreira de um artista.

10. No Brasil temos uma alta demanda por artistas internacionais, até mesmo artistas menos conhecidos, no exterior não vemos tanta demanda dos nossos artistas nacionais (com exceção dos mais estourados), por que acha que isso acontece?

A quantidade de festas e de gente que frequentam, é muito menor lá fora do que aqui no Brasil. Mas alguns festivais como Indian Spirit pegou um montão de brasileiros nessa vez, por exemplo.

E aqui no Brasil temos essa cultura de valorizar muito mais o que é de fora, enquanto os países estrangeiros valorizam muito mais o que é da terra deles

11. De tempos em tempos vemos uma reciclagem da cena referente as demandas por artistas e vertentes, qual sua perspectiva de mercado para os próximos anos? Acredita na ascensão de alguma vertente?

Vejo já uma crescente no Fullon novamente, também no Psy com Techno. Apesar de muitos reclamarem, creio que essa fusão com o funk e outros estilos como rap e trap também entrarão em alta no âmbito mais comercial.

12. Com as novas redes sociais temos visto o Psytrance com maior visibilidade, acredita que todos os artistas deveriam investir nas novas mídias?

Sim, quem não é visto, não é lembrado! Os artistas devem sempre fazer conteúdos especiais para cada tipo de rede. Vejo uma grande importância ter uma equipe com social media e gestor de tráfego pago para ajudar no crescimento da carreira

13. Qual sua recomendação para os artistas que optam por trabalhar no formato Dj set ganharem mais espaços nos line ups?

Eu acho importante demais o trabalho do DJ set nos eventos. Eles são responsáveis por trazer novos sons, geralmente com exclusividade, sons que não foram sequer lançados ainda. Isso enriquece muito o line e ajuda o produtor a saber se sua nova track está “batendo bem” na pista.

Djs set necessitam estudar muito e ter muito networking para fazer um trabalho diferenciado e receberem o destaque que merecem

14. Qual característica você considera essencial para ascensão de um artista? E qual seria um aspecto ou comportamento que pode comprometer a carreira do mesmo?

Ter uma base de fãs sólida é o que caracteriza os melhores artistas do mercado. Quem tem base de fãs, é porque tem qualidade musical, carisma e bom marketing no mínimo.

Muitas coisas podem comprometer a carreira de um artista, como antipatia, postagens desagradáveis ou preconceituosas, assédio, uso excessivo de drogas nos eventos, entre outras.

15. Após a pandemia os pequenos e médios produtores têm passado por muitas dificuldades para conseguir sucesso nos eventos, enquanto grandes eventos continuam lotando suas pistas, qual dica você daria pra que eles conseguissem dar a volta por cima dessas dificuldades?

Grandes eventos ainda lotam pista, mas estão tendo prejuízos também. Creio que estão todos no mesmo barco, mas em proporções diferentes. O que fazer para dar a volta por cima é pisar no chão. Não abrir um buraco para tapar outro. Fazer o melhor de entrega dentro das possibilidades. E sempre se comunicar abertamente com seu público

16. Você acredita na ascensão de eventos de psytrance indoor?

Acredito que sempre serão menores que open Air, mas estão ficando cada vez mais comuns

17. Antigamente a cena era mais acomodada com relação a alguns aspectos nos eventos, enquanto atualmente a nova geração busca cada vez mais por melhores condições de conforto e bem estar nos eventos, qual foi a maior mudança que te chocou dos eventos de antigamente para atualmente?

A maior mudança é essa coisa de área vip/ camarote/ backstage. Porque a estrutura melhorar, a festa usar mais tecnologia… é evolução natural. Mas segregar o público é uma grande mudança, na minha opinião.

18. As novas gerações que estão começando a frequentar eventos e consumir conteúdos de Psytrance muitas vezes são taxadas por reclamar em excesso de determinados aspectos nos eventos, aspectos esses que eram normalizados antigamente, você acredita que na sua maioria tem fundamentos?

Creio que toda reclamação deve ser ouvida. Claro que existem as absurdas que devem ser descartadas. Essas reclamações em excesso, acabam atrapalhando o crescimento da cena. Mas temos que levar em consideração que muitas são relevantes e ajudam a elevar o nível dos rolês.

Mais uma vez, acho que a comunicação mais aberta dos produtores com seu público, iria diminuir muito as reclamações. Ouvir antes é muito mais inteligente, né?

19. Qual a maior dificuldade que você tem encontrado no seu trabalho como educadora nas redes sociais dessa nova geração que está começando a frequentar eventos e consumir conteúdos de Psytrance?

Ainda não senti muita dificuldade. As pessoas não estão vindo reclamar, mas vai aparecer em algum momento.

Essa coisa de educar, na verdade é só resgatar o bom senso da galera. Aquela coisa de fazer lembrar que a sua liberdade acaba a partir do momento que invade o espaço do outro. Todas as pessoas do mundo sabem que não se deve fazer com os outros, o que não gostaria que fosse feito com você. O que tenho tentado realizar, é fazer com que as pessoas lembrem que isso é real e que não custa nada ser legal.

20. Acredita que aquela antiga discussão entre artistas e eventos underground e mainstream tenha se amenizado com o passar desses anos? Ou tem percebido que ainda é tão recorrente quanto antigamente?

Acho que a discussão existe ainda, mas em um âmbito diferente. Antes os undergrounds repudiavam os novos, que traziam um som diferente e mais pop. Esses acabaram sendo chamados de comerciais, por terem mais valor de mercado (Afinal o som mais “palatável “é mais vendável).

Agora, acredito que a discussão seja mais sobre os espaços no mercado e tipos de público do que sobre estilo de som melhor ou pior. Já foi mais absorvido que existem diferentes tipos de Psytrance e vão continuar surgindo novos estilos.

21. Na sua perspectiva o que precisaria ser mudado na cena para que o psytrance consiga atingir patamares ainda maiores e a grande mídia nos próximos anos?

Pergunta difícil… porque eu não queria mudar. Mas é sabido que para atingir as grandes massas e mídias, é necessário fazer algo que esteja na tendência e viralize. Então falta um investimento maior nos conteúdos das redes sociais. Você vê outros tipos de artistas investindo cegamente no marketing, mas os de Psytrance sempre acham que não precisa

22. Acredita que lobby feito estilos músicas mais populares pode interferir na ascensão do Psytrance a novos patamares?

A única coisa que se pode fazer é esperar pra ver. Eu não tenho um palpite formado sobre isso ainda.

E ai, gostou da entrevista? Tem alguma curiosidade sobre a Pripa que nap foi respondida aqui? Conta aqui nos comentários.

2 comentários sobre “A INFLUENTE HUNTER DE TALENTOS PRIPA MIRANDA

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